O projeto de pesquisa, saberes e práticas dos povos negros e quilombolas nos materiais literários existentes nas escolas de Ensino Fundamental da cidade de Angicos-RN nasceu da tomada de consciência sobre a importância do aparato legal que instituiu a obrigatoriedade de questões relevantes no campo educacional e do direito, aos povos negros no Brasil. Estamos nos referindo a Lei nº 10.639/2003, que altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996; a Lei nº 12.288/2010; a Resolução nº 1/2004; a Resolução nº 8/2012, ente outras ações legais.
A origem de tal projeto também está ligada a responsabilidade com a análise da produção do conhecimento já existente, no campo da literatura infanto-juvenil que tratam dos valores e práticas educativas dos povos negros e remanescentes de quilombolas. Os marcos legais e teóricos, que demarcam proposições afirmativas e formativas no campo social e histórico da diversidade da população negra em nosso país, devem ter base nos princípios constitucionais da igualdade, sobretudo, a igualdade material, de todos os brasileiros.
Nesse sentido, a pesquisa tem o objetivo de compreender as condições ontológica-social-existencial-histórica dos povos de tradição negra, através dos conteúdos das obras literárias infanto-juvenis, utilizadas nas escolas de Angicos e os sentidos atribuídos pelos professores e professoras ao trabalho didático-pedagógico desenvolvido a partir das obras literárias mais utilizadas. Entendemos que as obras literárias que abordam as questões educativas da população negra e quilombola são absolutamente necessárias ao desenvolvimento cognitivo e social dos/das estudantes do ensino fundamental e dos estudantes em formação no Ensino Superior.
Nesse sentido, não podemos nos abstrair da visão teórica, cujos fundamentos exponham os processos de colonização e subalternização que historicamente regularam, de forma hegemônica, a educação brasileira. Não é difícil encontrar livros de literatura infanto-juvenil, voltados para a construção do pensamento de base eurocêntrica e colonialista, com visão romantizada de proteção as princesas brancas, frágeis e dependentes, aprisionadas em seus castelos, por bruxas más, negras, narigudas e sem pátria e salvas por homens brancos heroicos, príncipes fortes, possuidores de um senso de justiçamento que se associa aos mais nobres guerreiros da antiguidade. Esse modelo deve ser exposto e analisado.
A metodologia, caminho que anuncia as concepções epistemológicas assumidas ante a abordagem do objeto, é qualitativa, acreditando ser ela a mais adequada na apreensão, interpretação e compreensão da realidade problematizada. Para essa inteligibilidade, optamos pela metodologia da análise temática, no âmbito da Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (1977), que consiste numa unidade complexa de significação, num recorte que, conforme critérios relativos às teorias que orientam a análise, se liberta naturalmente do texto analisado e, assim, pode ser tomado para análise das manifestações qualitativas.
Espera-se como resultados, o mapeamento das obras literárias trabalhadas nas escolas de Angicos; a caracterização dos comportamentos e valores propostos nas obras literárias; a identificação das metodologias utilizadas pelas professoras e professores; o sentido atribuído aos conteúdos e a construção de posturas pedagógicas frente ao tema da educação quilombola e étnico-racial, prevendo um futuro processo intervencionista; a produção de monografias e a elaboração de artigos.
Coordenação
Ana Maria Pereira Aires
Franselma Fernandes de Figueiredo
Discentes Pesquisadores
Maria Larissa Rodrigues da Silva
Jaine Maiara Oliveira Ferreira
Fernanda Jennyfer Pinheiro dos Santos
Flaviene Silva do Nascimento
Maria Claudia Bezerra Trindade
Karen Dulcia Fonseca Ribeiro
Twany Soares do Nascimento
Livia Maria Da Silva Rodrigues
Zeneide Emanuelly Santana Soares
Angelica da Silva Rodrigues Vieira
Adriene de Souza Araújo